A conquista de Wimbledon 2023 teve uma enorme representatividade para Carlos Alcaraz, não apenas pela importância do título em si ou da manutenção da liderança do ranking da ATP. Ao interromper a hegemonia de Novak Djokovic na grama inglesa, o espanhol se tornou o quarto atleta mais novo da história a alcançar dois títulos diferentes de Grand Slam, com menos idade até mesmo que os quatro nomes que dominaram o tênis mundial nas duas primeiras décadas do século 21: Roger Federer, Rafael Nadal, Djoko e Andy Murray.
Alcaraz conquistou Wimbledon aos 20 anos e 2 meses de idade, impedindo o oitavo título (sendo o terceiro consecutivo) de Djokovic no torneio britânico. O primeiro Grand Slam do prodígio espanhol havia sido no US Open de 2022, quando tinha 19 anos e 3 meses (fato que já o colocava como décimo mais novo a vencer um major do tênis). Agora, apenas três tenistas tinham menos idade que Alcaraz quando conquistaram dois Grand Slams diferentes: o australiano Ken Rosewall e os suecos Mats Wilander e Bjorn Borg.
Rosewall tinha 18 anos em 1953, ano em que faturou o Aberto da Austrália e Roland Garros. Wilander, por sua vez, conquistou o Aberto da França de 1982 aos 17 anos e 9 meses e, na temporada seguinte, levantou a taça do Australian Open com 19 anos e 3 meses. Já Borg estava por fazer 18 anos quando triunfou em Roland Garros 74 e era pouca coisa mais jovem que Alcaraz ao vencer Wimbledon em 76: 20 anos e 15 dias.
Prodígio já é realidade
Apesar da pouca idade, Alcaraz é o tenista mais novo do século a alcançar dois títulos diferentes de Grand Slam – o que já lhe abre uma possibilidade ao comparar este fato com o chamado “Fab Four”, em referência aos quatro principais tenistas do circuito de 2003 em diante.
Rafael Nadal, é verdade, era mais novo do que Alcaraz quando conquistou seu segundo Grand Slam na carreira: ele tinha exatos 20 anos no título de Roland Garros 2006. No entanto, aquele foi seu segundo título consecutivo no saibro francês. O espanhol só viria a ganhar um major diferente do Aberto da França em Wimbledon 2008, já com 22 anos (quando já era tetra em Paris).
Maior vencedor de torneios Grand Slam da história, com 23 conquistas, Novak Djokovic sofreu (e muito) com a rivalidade Federer x Nadal na primeira década do século. A primeira conquista do sérvio foi no Aberto da Austrália em 2008, aos 20 anos, e as seguintes só vieram em 2011, quando faturou novamente o torneio australiano e, depois, Wimbledon e o US Open já com 24 anos.
Roger Federer também era mais velho que Alcaraz quando conquistou seus dois primeiros Slams: tinha 22 anos em Wimbledon 2003 e 23 no Aberto da Austrália do ano seguinte. O escocês Andy Murray, que disputou 11 finais de Grand Slams e venceu três, tinha 26 quando conquistou seu segundo major, em Wimbledon 2013.
Qual é o limite?
Ainda é muito precoce dizer se Alcaraz trilhará os caminhos de Federer, Nadal e Djokovic e reinará no circuito profissional do tênis. Mas, de todas as formas, o espanhol atual número 1 do mundo tem muitos fatores a seu favor para colocar seu nome na história: é bastante jovem, talentoso, não é “dependente” de apenas uma superfície de jogo e tem demonstrado estar um nível acima da maioria de seus principais adversários da “nova geração” do top 100 da ATP.
Se mantiver o ritmo atual, aliás, Alcaraz não deve demorar a superar Andy Murray em títulos de Grand Slams. No entanto, o hiato é enorme para os outros três integrantes do quarteto. Afinal, são 20 troféus para Federer, 22 para Nadal e 23 para o recordista Djokovic…