Wimbledon é o torneio mais tradicional do calendário profissional do tênis e já chegou a ser considerado no passado como o campeonato mundial da categoria. Ao longo dos seus quase 150 anos de existência, a grama sagrada do All England Lawn and Tennis Club foi palco para grandes gênios do esporte vestirem roupa branca e marcarem seu nome na história. Mas a competição realizada no verão de Londres também já assistiu a grandes surpresas.
Neste retrospecto, listamos cinco resultados que, à época, derrubaram todos os prognósticos e surpreenderam até mesmo os maiores entendedores do tênis. Confira!
5. Jelena Dokic (AUS) x Martina Hingis (SUI) – 1ª rodada de 1999
Martina Hingis chegou a Wimbledon em 1999 com pompa: ocupava a primeira posição do ranking da WTA e havia alcançado as finais dos dois Grand Slams daquele ano (havia vencido na Austrália e sido vice em Roland Garros). Mas a suíça acabou surpreendida logo na estreia pela qualifier australiana Jelena Dokic, 16 anos, e de quem já havia vencido naquela temporada no Grand Slam em Melbourne.
Dokic, que era somente a número 129 do mundo, se tornou na época a tenista com menor ranking a derrotar uma cabeça de chave de Grand Slam durante a era moderna (pós 1968). A adolescente superou a principal favorita de Wimbledon com direito a pneu no segundo set: 6/2 e 6/0.
4. Lukas Rosol (TCH) x Rafael Nadal (ESP) – 2ª rodada de 2012
O espanhol Rafael Nadal, então número 2 do mundo e que já havia vencido o Grand Slam na grama em 2008 e 2010, foi superado Lukas Rosol na segunda rodada de 2012. O checo ocupava, na época, a posição 100 do ranking da ATP.
Nadal havia estreado com vitória sobre o brasileiro Thomaz Bellucci em Wimbledon 2012 e largou na frente contra o praticamente desconhecido Rosol. O checo, porém, virou a partida, forçou o quinto set e não se intimidou para fechar o confronto em 3 a 2, com parciais de 6/7 (7-9), 6/4, 6/4, 2/6 e 6/4. O azarão teve vida curta no torneio daquele ano, entretanto: foi eliminado na rodada seguinte pelo alemão Philipp Kohlschreiber, cabeça de chave 27.
No ano seguinte, Nadal foi vítima de outra zebra impressionante: cabeça de chave 5, ele caiu na estreia para o belga Steve Darcis, 135 do ranking. Na partida, Darcis ainda sofreu uma lesão no ombro decorrente de uma queda e sequer entrou em quadra na segunda rodada, dando a vitória por WO para o polonês Lukas Kobot.
3. Sergiy Stakhovsky (UCR) x Roger Federer (SUI) – 2ª rodada de 2013
A rivalidade parelha entre Nadal e Federer também deixa suas caras quando o assunto é zebra em Wimbledon. O suíço, recordista de títulos na grama londrina com 8 troféus, também caiu de maneira prematura para um tenista que não figurava sequer no top 100 no ano de 2013: o ucraniano Sergiy Stakhovsky, 116 da ATP na ocasião.
O mais impressionante é que Stakhovsky, que naquele ano conseguia sucesso apenas em torneios de nível challenger, tinha um péssimo retrospecto no Grand Slam onde Federer reinou. Nas seis ocasiões anteriores a 2013, ele havia conquistado somente uma vitória na chave principal de Wimbledon (e sobre um adversário que era somente o 273 do ranking).
Mas, em 2013, embalado depois de eliminar o brasileiro Rogério Dutra Silva na primeira rodada, o ucraniano impôs uma vitória por 3 sets a 1 de virada sobre Federer: 6/7 (5-7), 7/6 (7-5), 7/5 e 7/6 (7-5).
2. Lori McNeil (EUA) x Steffi Graf (ALE) – 1ª rodada de 1994
Se Federer é referência quando pensamos em Wimbledon na chave masculina, o mesmo vale para Steffi Graf na disputa feminina: ela faturou sete vezes o torneio entre 1988 e 1996. A sequência só foi interrompida em 1990 (foi semifinalista) e em 1994, quando caiu logo na primeira rodada diante de Lori McNeil, dos Estados Unidos.
McNeil derrotou Graf por 2 sets a 0, com 7/5 e 7/6 (7-5), na primeira vez da era profissional em que uma tenista que defendia o título de um torneio de Grand Slam era eliminada logo na primeira rodada.
1. Billie Jean King (EUA) x Margaret Smith Court (AUS) – 2ª rodada de 1962
Margaret Smith Court chegou a Wimbledon em 1962 embalada pelos títulos no Aberto da Austrália e em Roland Garros, ademais de ser a principal cabeça de chave do torneio. Mas a australiana, que passou de bye na primeira rodada, caiu em sua estreia diante de uma tenista de apenas 18 anos que não figurava na lista das principais favoritas e que nunca havia ido além de uma terceira rodada de Grand Slam na curta carreira: Billie Jean Moffitt.
Billie Jean, que entrou para a história do tênis mundial como Billie Jean King, eliminou Margaret Court por 2 sets a 1, de virada: 1/6, 6/3 e 7/5. Hoje, no retrospecto e por conhecermos a história brilhante de Billie Jean King, campeã de 18 títulos de Grand Slam, talvez o resultado não surpreenda. Mas, 60 anos atrás, a derrota de Margaret Court foi definitivamente um choque.
Extra: Maria Esther Bueno (BRA) x Darlene Hard (EUA) – final de 1959
Talvez soe estraho se analisarmos friamente: como uma tenista como Maria Esther, cabeça de chave 6, quadrifinalista de simples e campeã de duplas no ano anterior, poderia ser considerada uma zebra na edição de 1959 de Wimbledon? Acontece que a paulistana, à época com 19 anos, se tornou a primeira (e até agora única) tenista sul-americana a conquistar o troféu de simples na grama inglesa – na verdade, antes dela, apenas atletas de Grã-Bretanha, Estados Unidos, França e Alemanha haviam triunfado.
Na decisão, Maria Esther Bueno derrotou a norte-americana Darlene Hard por 2 sets a 0 e com relativa facilidade, parciais de 6/4 e 6/3. Foi o primeiro de seus três títulos em Wimbledon e dos sete Grand Slams em simples (ela também foi quatro vezes campeã do US Open).