A seleção brasileira voltou a vencer depois de 6 meses. É a primeira vitória da amarelinha depois da eliminação na Copa do Mundo do Qatar. O adversário foi a pouco expressiva Guiné. Em Barcelona, no estádio Cornellà-El Prat, o Brasil goleou por 4 a 1 em uma partida em que se podem extrair alguns pontos positivos, ainda que contra um rival sem tradição.
O time comandado pelo interino Ramón Menezes promoveu a estreia de Ayrton Lucas e de Joelinton, convocados pela primeira vez. Os dois foram titulares e pareceram não sentir o peso de vestir a camisa da pentacampeã.
O meio-campista do NewCastle marcou um dos gols do amistoso, e se mostrou uma boa alternativa para o setor, com boa saída de bola e marcação. O lateral do Flamengo seguiu o bom nível que vem apresentando no time rubro-negro, sendo seguro defensivamente e aparecendo no setor ofensivo para desafogar os companheiros no ataque.
Mas nem tudo são flores. Mesmo contra um adversário inferior, o Brasil teve dificuldades para construir jogadas e pareceu pouco entrosado na primeira parte. O time também apresentou ao longo dos 90 minutos muita variação tática, resta saber se a pedido do treinador ou por falta de treinamento e entrosamento. Casemiro por muitas vezes parecia como opção ofensiva, o que talvez não seja o lugar onde pode entregar mais à equipe.
Outra vez, a seleção brasileira se viu completamente dependente de Vinícius Júnior e de Rodrygo, dois dos protagonistas deste amistoso. É uma boa dependência, mas diante dos resultados recentes nos últimos mundiais é necessário que se busque ir além das nossas forças individuais. É momento de organizar um time que coletivamente esteja coordenado, se entende e que desenvolva o melhor de cada um, para que Rodrygo, Vini, Neymar e outros tantos craques brasileiros possam aparecer bem, ser destaques, mas não “jogar sozinhos”.
Está claro que, em termos individuais, o Brasil tem muita qualidade; mas, contra rivais mais qualificados, a seleção pode ter dificuldades para criar chances de gol, além de se mostrar frágil e sofrer no momento de se defender. Isso deve ser resolvido com a escolha do técnico, uma vez que essa indefinição (já se vão mais de 6 meses desde a saída de Tite) ajuda muito pouco ao grupo que quer buscar o hexacampeonato em 2026.
A CBF precisa escolher o quanto antes o próximo comandante e começar desde logo a implementar as mudanças necessárias e o estilo de jogo do novo treinador. Assim, poderemos enfrentar grandes seleções e ajustar nossa equipe e ambições para a próxima Copa.
Que neste ciclo, seja com Ancelotti ou com outro, o Brasil também possa medir forças contra outros campeões do mundo, com as melhores escolas, contra os melhores jogadores. Basta de amistosos ‘caça-níquel’, ou com seleções financeiramente interessadas.
A CBF não precisa de dinheiro, e o Brasil não necessita fazer excursões no mundo a fim de buscar novos torcedores. O Brasil precisa vencer, voltar a intimidar, voltar a ser temido, amado e odiado por todos. Guiné e Senegal podem fazer muito pouco contra a Seleção, por melhor que joguemos, o adversário já condiciona isso. Para vencer é necessário mudar o comando, as ideias, e o ultrapassado e fracassado ‘modus operandis’ das gestões anteriores.