Embora o Barcelona tenha vencido o Campeonato Espanhol de forma convincente na última temporada, encabeçado pelo técnico Xavi, uma lenda do clube, a situação financeira do time é bem conhecida.
Dadas as restrições econômicas, não é fácil administrar a contratação e retenção de talentos capazes de colocar o time como postulante ao título da La Liga e da Champions League.
Apesar das restrições impostas pela UEFA e pela La Liga, referentes ao Fair Play Financeiro, e das dívidas imensas do clube, Xavi e o diretor esportivo Jordi Cruyff conseguiram recrutar peças importantes durante a última janela de transferências de verão.
O clube assinou com Raphinha, atacante do Leeds United por €58 milhões (R$ 306 milhões aproximadamente), o zagueiro Jules Koundé do Sevilla por €50 milhões (R$ 264 milhões) e o atacante Robert Lewandowski por €45 milhões (R$238 milhões). O meio-campista Franck Kessié e o zagueiro Andreas Christensen chegaram de graça, vindos do Milan e do Chelsea, respectivamente.
Estas contratações fortaleceram a base que o time já possuía, o que levou o Barcelona de Xavi ao título da La Liga, com uma equipe que jogava bem e defendia de forma sólida. O time sofreu apenas 20 gols em toda a temporada da liga. Sempre constante, Frenkie de Jong se destacou durante toda a temporada, e as jovens estrelas Gavi e Pedri empolgaram os culés com sua performance e evolução.
Porém, o B foi eliminado da Champions League de maneira precoce, antes mesmo do mata-mata, conseguindo somente duas vitórias. A equipe caiu diante do Bayern de Munique e da finalista Inter de Milão, em um grupo considerado muito difícil.
Depois o Barcelona foi eliminado da Europa League pelo Manchester United, que jogou melhor nas duas partidas. Mas o pior momento da temporada foi a derrota marcante para os arquirrivais do Real Madrid, 4 a 0 para os merengues em casa, na semifinal da Copa del Rei.
O Barcelona chegou ao jogo de volta da semifinal com uma vantagem de 1 a 0, obtida na vitória no jogo de ida no Santiago Bernabéu, mas não teve chances na partida em casa contra a equipe madrilenha, que contou com um hat-trick de Karim Benzema.
Para os torcedores, foi um fim melancólico para o último “El Clássico” no Camp Nou. A equipe passará a jogar no Estádio Olímpico de Montjuïc enquanto seu antigo estádio é renovado. A diretoria espera retornar ao Camp Nou em meados da temporada de 2024-25, mesmo que o estádio, programado para receber 105 mil torcedores, não esteja totalmente reformado.
Os problemas do Barcelona aparecem na mídia a todo momento, desde a dificuldade para registrar jogadores a pagamentos atrasados; mas, de alguma maneira, a equipe consegue persistir com base em sua tradição e magnetismo.
Os últimos da “velha guarda”, uma geração mitológica que levou o clube a três títulos da Champions League entre 2009 e 2015, deixaram o clube. Sergio Busquets e Jordi Alba saíram ao final da temporada 2022-23, tendo jogado 481 e 313 jogos pelo clube respectivamente. Neste período o time conquistou uma sequência de títulos importantes. Gerard Piqué saiu no meio da temporada passada, antes da Copa do Mundo em dezembro, para focar em sua empresa, a Kosmos.
Agora Xavi e sua equipe técnica têm um trabalho árduo pela frente se quiserem seguir embalados após o título da La Liga em 2023, fortalecer o elenco e acumular mais troféus. Será um desafio grande, principalmente por jogar no Estádio Olímpico e pelo fato de Lionel Messi, que os torcedores esperavam ver de volta no clube, ter acertado com o Inter Miami, da MLS.
O ex-jogador Deco é o novo diretor esportivo do Barcelona, e substituirá Jordi Cruyff no começo de julho.
A saída de Cruyff após dois anos no cargo foi confirmada via comunicado oficial do clube, que anunciou que o diretor holandês “não renovará seu contrato ao final da temporada, já que pretende seguir novos caminhos profissionais”.
Deco trabalhará junto ao diretor de futebol Mateu Alemany que, em um episódio bizarro, anunciou em maio que deixaria o Barça para se juntar ao Aston Villa, mas teve que reverter a decisão após não chegar a um acordo com o time da Premier League.
Alemany já conseguiu um acerto com o alemão İlkay Gündoğan, ex-Borussia Dortmund, que busca novos desafios após 7 temporadas de sucesso no Manchester City. A relação culminou com o título da Champions League para os Blues.
Gündoğan se despede dos comandos de Pep Guardiola, que foi jogador e técnico do Barcelona, e que certamente espera que o meio-campista de 32 tenha sucesso na nova jornada.
A pergunta agora é quem mais Xavi, Deco, Alemany e o presidente do Barça, Joan Laporta, conseguirão convencer a se juntar a Gündoğan na equipe, na tentativa de retornar os azul e grenás ao posto de maior da Europa?